Ciência e tecnologia podem ajudar<br> a superar a crise
A ABIC apresentou um manifesto e uma carta aberta reclamando mais investimento na ciência e tecnologia, lembrando que através desta área que Portugal pode superar os seus atrasos estruturais.
O desenvolvimento nacional depende da política científica, diz a ABIC
A Associação dos Bolseiros de Investigação Científica (ABIC) apresentou o manifesto «Por Uma Efectiva Política Nacional de Emprego Científico: Uma Necessidade Inadiável», recentemente em Lisboa. O documento lembra que a promoção do emprego científico é frequentemente considerada como condição essencial para o desenvolvimento nacional e para a superação do nosso atraso estrutural, mas as poucas medidas tomadas são insuficientes para alterar esta carência.
Para os bolseiros, esta questão ultrapassa o problema individual dos licenciados, mestres e doutores e torna-se um grave problema nacional. «O desperdício de recursos humanos e do "saber fazer" terá consequências particularmente penosas num país como Portugal, reconhecidamente carente de quadros e de uma estratégia de desenvolvimento harmonioso e sustentável, que promova a inovação», sublinham.
A ABIC considera que a resolução deste problema passa pela adopção de políticas pró-activas de promoção do emprego científico, que reforcem as oportunidades de emprego existentes e que apostem audaciosa e decididamente na criação de novas oportunidades e mecanismos de atracção e inserção profissional.
«A situação de bloqueio que enfrentamos torna imperiosa a definição de uma estratégia de desenvolvimento nacional que se apoie e articule, entre outras, com uma verdadeira política científica. Esta não será possível senão sustentada por políticas de emprego científico consequentes e pela dignificação das condições de prestação do trabalho científico», salienta.
Soluções concretas
A associação destaca algumas medidas, como o financiamento para a contratação de pessoal pelas unidades de investigação e desenvolvimento, de modo a que os quadros sejam preenchidos por contratos de trabalho e o bolseiro de investigação não seja abusivamente utilizado; a integração de jovens investigadores, docentes e técnicos nos quadros de pessoal nas instituições de ensino superior e laboratórios do Estado; e reforço do papel destas instituições no apoio ao delinear de políticas públicas, nomeadamente ao nível sectorial, e a criação de «interfaces» com o sector produtivo, a indústria e o tecido empresarial, promovendo a transferência do conhecimento produzido nestas instituições.
A ABIC apresenta outras medidas: a ampliação do apoio à inserção profissional de pós-graduados nas empresas; o reforço dos mecanismos de apoio à criação de empresas que contribuam para o lançamento de novos produtos, processos ou serviços por licenciados, mestres e doutores; a promoção do emprego científico em associação a áreas de grandes investimentos públicos, em grandes empresas públicas ou com participação estatal; e a abertura da administração pública à inovação, com integração de pessoal qualificado, incluindo mestres e doutores.
Obsessão com despesa
impede investimento para criar riqueza
Numa Carta Aberta sobre a situação politico-económica portuguesa, a ABIC afirma que a focalização no défice das contas públicas e as medidas tomadas pelos Governos «conduziram a um desinvestimento que deteriorou ainda mais o nosso já frágil sistema científico e tecnológico nacional. As instituições públicas de investigação e desenvolvimento viram-se privadas dos meios materiais e humanos necessários ao cumprimento, com dignidade e eficácia, das suas variadas missões.»
«Tivemos menos gente, com mais parcos meios e com piores condições de trabalho a fazer Ciência em Portugal. Com a obsessão em reduzir “despesas”, abdicou-se do investimento susceptível de criar riqueza, denuncia a ABIC.
Para a associação, a comunidade científica deve exigir garantias de que se concretiza uma inflexão urgente na política científica e tecnológica que é praticada. «Qualquer estratégia de desenvolvimento harmonioso e sustentável, terá hoje que assentar num investimento significativo (investimento, não “despesa”) em ciência, tecnologia e investimento. Mas atenção: não há verdadeiro investimento em ciência sem investimento naqueles que nela trabalham», insiste.
A ABIC sustenta que a falta de investimento nesta área não significa uma poupança para o País, mas um desperdício dos escassos recursos hoje afectos à ciência. «De que vale investirmos na formação avançada de recursos humanos, se depois estes se vêem empurrados para fora do País ou obrigados, no seu País, a viver em situações altamente precárias, remunerados através de bolsas sucessivas e sem perspectivas de contratos de trabalho?», questiona.
A associação recorda que recomendações recentes da União Europeia apontam para a necessidade «de criação das condições necessárias para carreiras de I&D mais sustentáveis e de maior interesse para os investigadores», assinalando que «a sociedade deveria apreciar melhor as responsabilidades e o profissionalismo que os investigadores demonstram na execução do seu trabalho» e que os Estados-Membros devem envidar esforços para garantir que os investigadores (incluindo nas fases de formação) beneficiem de um conjunto de direitos e regalias sociais básicos.
Para os bolseiros, esta questão ultrapassa o problema individual dos licenciados, mestres e doutores e torna-se um grave problema nacional. «O desperdício de recursos humanos e do "saber fazer" terá consequências particularmente penosas num país como Portugal, reconhecidamente carente de quadros e de uma estratégia de desenvolvimento harmonioso e sustentável, que promova a inovação», sublinham.
A ABIC considera que a resolução deste problema passa pela adopção de políticas pró-activas de promoção do emprego científico, que reforcem as oportunidades de emprego existentes e que apostem audaciosa e decididamente na criação de novas oportunidades e mecanismos de atracção e inserção profissional.
«A situação de bloqueio que enfrentamos torna imperiosa a definição de uma estratégia de desenvolvimento nacional que se apoie e articule, entre outras, com uma verdadeira política científica. Esta não será possível senão sustentada por políticas de emprego científico consequentes e pela dignificação das condições de prestação do trabalho científico», salienta.
Soluções concretas
A associação destaca algumas medidas, como o financiamento para a contratação de pessoal pelas unidades de investigação e desenvolvimento, de modo a que os quadros sejam preenchidos por contratos de trabalho e o bolseiro de investigação não seja abusivamente utilizado; a integração de jovens investigadores, docentes e técnicos nos quadros de pessoal nas instituições de ensino superior e laboratórios do Estado; e reforço do papel destas instituições no apoio ao delinear de políticas públicas, nomeadamente ao nível sectorial, e a criação de «interfaces» com o sector produtivo, a indústria e o tecido empresarial, promovendo a transferência do conhecimento produzido nestas instituições.
A ABIC apresenta outras medidas: a ampliação do apoio à inserção profissional de pós-graduados nas empresas; o reforço dos mecanismos de apoio à criação de empresas que contribuam para o lançamento de novos produtos, processos ou serviços por licenciados, mestres e doutores; a promoção do emprego científico em associação a áreas de grandes investimentos públicos, em grandes empresas públicas ou com participação estatal; e a abertura da administração pública à inovação, com integração de pessoal qualificado, incluindo mestres e doutores.
Obsessão com despesa
impede investimento para criar riqueza
Numa Carta Aberta sobre a situação politico-económica portuguesa, a ABIC afirma que a focalização no défice das contas públicas e as medidas tomadas pelos Governos «conduziram a um desinvestimento que deteriorou ainda mais o nosso já frágil sistema científico e tecnológico nacional. As instituições públicas de investigação e desenvolvimento viram-se privadas dos meios materiais e humanos necessários ao cumprimento, com dignidade e eficácia, das suas variadas missões.»
«Tivemos menos gente, com mais parcos meios e com piores condições de trabalho a fazer Ciência em Portugal. Com a obsessão em reduzir “despesas”, abdicou-se do investimento susceptível de criar riqueza, denuncia a ABIC.
Para a associação, a comunidade científica deve exigir garantias de que se concretiza uma inflexão urgente na política científica e tecnológica que é praticada. «Qualquer estratégia de desenvolvimento harmonioso e sustentável, terá hoje que assentar num investimento significativo (investimento, não “despesa”) em ciência, tecnologia e investimento. Mas atenção: não há verdadeiro investimento em ciência sem investimento naqueles que nela trabalham», insiste.
A ABIC sustenta que a falta de investimento nesta área não significa uma poupança para o País, mas um desperdício dos escassos recursos hoje afectos à ciência. «De que vale investirmos na formação avançada de recursos humanos, se depois estes se vêem empurrados para fora do País ou obrigados, no seu País, a viver em situações altamente precárias, remunerados através de bolsas sucessivas e sem perspectivas de contratos de trabalho?», questiona.
A associação recorda que recomendações recentes da União Europeia apontam para a necessidade «de criação das condições necessárias para carreiras de I&D mais sustentáveis e de maior interesse para os investigadores», assinalando que «a sociedade deveria apreciar melhor as responsabilidades e o profissionalismo que os investigadores demonstram na execução do seu trabalho» e que os Estados-Membros devem envidar esforços para garantir que os investigadores (incluindo nas fases de formação) beneficiem de um conjunto de direitos e regalias sociais básicos.